domingo, maio 22

Bom senso

É de bom senso, é mesmo de senso comum, que quando a UE está a ser crescentemente posta em causa, se evite o triste espectáculo da ganância (greed) com que cada representante de cada Estado tenta reduzir a sua contribuição e maximizar a sua vantagem. Parece muito claro que os actuais representantes dos actuais membros não estão á altura das suas responsabilidades. É necessário mudar de estado de espírito e de atitude. Não é assim que se constrói a Europa Unida... ou não o é com estes protagonistas.

Europa:sim. O não assenta em xenofobia, egoismo e atlantismo.

Aqui começa a minha participação pessoal do debate sobre a Constituição Europeia.
Deixo já aqui claro que vou votar a favor da Constituição Europeia. Para Portugal, para Europa, para os europeus e para mim, não entendo como se pode votar não, com razões aceitáveis. Tanto quanto tenho visto e ouvido até agora, as razões do «não» são todas axiologicamente negativas:
  • Xenofobia: tentativa de manter a Europa livre de povos e culturas supostamente inferiores: islâmicos, de leste, de áfrica, etc. Até já vi, no sul de França, reacções xenófobas contra Portugueses!
  • Egoísmo: os mais ricos, nas zonas mais ricas, não querem partilhar a sua riqueza com os pobres das zonas mais pobres. No fim da guerra, franceses, holandeses, noruegueses eram pobres, mas solidários. Há agora uma nova geração que já nasceu rica e é incrívelmente egoista. Não quer partilhar o que quer que seja com quem quer que seja.
  • Atlantismo: finda a segunda guerra há 60 anos e a guerra fria desde a queda do muro, os USA já não precisam da Europa e da UE para a sua defesa. Querem, agora, desmembrar a UE para colonizar os países europeus, um por um, fracos e divididos, através do chamado «american soft power» (ASP). O american soft power é composto por políticos e «opinion leaders» que entendem que a Europa não deve ser autónoma, mas antes acessória e ancilar dos USA. O atlantismo tem como conteúdo político-ideológico o reconhecimento da superioridade e da liderança americana sobre a Europa e tende para a satelitização ou colonização dos países europeus pelos USA. São estas a razões que eu vejo como subjacentes ao voto «não».
Naturalmente, surgem mascaradas por cripto-argumentos contraditórios: acusa-se a Constituição Europeia de ser de direita (hiper-liberal) e simultaneamente de esquerda (hiper-social). Nunca, porém se explicita porquê. Por outro lado, não se diz o que fazer se a Constituição Europeia não for aprovada: manter o «status quo»? Reformular o texto e recomeçar o processo de aprovação? Em que sentido e com que alterações? Parece-me que se quer simplesmente fazer abortar o processo de integração europeia. Admito, contudo que os partidários do «não» me convençam com os seus argumentos. Vou passar a acompanhá-los e a debatê-los. Aqui está o convite.