Quer a publicação dos cartoons do Maomé, quer a destruição de missões diplomáticas bandeiras ocidentais que se lhe seguiram, são crime em Portugal:
- Segundo o artigo 240º do Código Penal português é crime de discriminação religiosa, punível com prisão de 6 meses a 5 anos, o acto de "por escrito destinado a divulgação ou através de qualquer meio de comunicação social" (...) "difamar ou injuriar pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua (...) religião (...)", "com intenção de incitar à discriminação racial ou religiosa ou de a encorajar".
- Segundo o artigo 323º do Código Penal português, comete crime de "ultraje de símbolos estrangeiros", punível com prisão até um ano, "quem, publicamente, por palavras, gestos, divulgação de escrito ou outro meio de comunicação com o público, injuriar bandeira oficial ou outro símbolo de soberania de Estado estrangeiro ou de organização internacional de que Portugal seja membro".
Nesta questão - como em casa onde não há pão - todos gritam e ninguém tem razão. Nem deviam ter sido publicados - e principalmente republicados - os cartoons, porque ofendem gratuitamente os sentimentos religiosos de milhões de pessoas, nem são obviamente aceitáveis as destruições de missões diplomáticas e de símbolos nacionais que se lhes seguiram.
Em ambos os casos, há minorias sectárias e provocadoras que tentam manipular os imbecis para uma guerra religiosa. Tudo isto torna mais difícil, senão mesmo impossível, em tempo politicamente útil, o relacionamento e a compatibilização entre o ocidente e o islão. É péssimo que assim seja.
Como vem já a suceder desde a alguns anos, a estupidez derrotou a inteligência. Daqui não pode vir nada de bom.
Sobretudo, é preciso não ficar refém do maniqueismo primitivo em que tudo isto se traduz !